quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

não sei o que diga, não sei o que pense,

este programa onde trabalho agora, sobrevive de chamadas. chamadas para os jogos interactivos, para darmos (e recebermos, claro) dinheiro, chamadas para os telefones fixos, e para os telemóveis, caso contrário não temos nem concorrentes, nem público nem nada.
durante o programa, a apresentadora vai fazendo o jogo lá para casa, e vai dizendo o número para onde as pessoas têm de ligar, para tentarem ser seleccionadas para adivinhar a palavra do dia.
e durante o programa passa lá para casa o número de telemóvel para onde precisam de ligar caso queiram ir assistir ao programa. números completamente diferentes, em alturas distintas do programa.

durante o programa, o telemóvel de público recebe muitas chamadas, e a equipa não consegue atender todas, de tal forma, que se apontam todos os números que ligam, e depois as chamadas são retornadas.
ao ligarmos de volta, o nosso discurso é qualquer coisa do género boa tarde, estamos a ligar do programa tal, tínhamos aqui uma chamada não atendida sua, e gostaríamos de saber se gostava de vir assistir ao programa.
as respostas são tão espectaculares como isto:

- de que programa? eu? eu não liguei. (porque o telemóvel liga sozinho, não é?)
- aaah, não, não tenho possibilidades para ir (então ligou porque??)
- não, menina, era para tentar adivinhar a palavra.. (senhoraaaa, isso é para o número que a apresentadora diz mil vezes durante o programa, boa?)
- ah, é que já liguei para o outro número, e só me dizia que estava inscrito, que estava inscrito, e não me dizia mais nada, então tentei para este! (porque para aquele já dava, não é?)

e com isto me retiro, com anos de vida a menos.

1 comentário:

Maga P. disse...

Todas essas "observações" são muito estimulantes intelectualmente. Já o nosso público, é maravilhoso!